quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A Historia secreta do Cristianismo

OS APOCRIFOS

Magdala, a favorita de Jesus
Apócrifos revelam que Maria despertava o ciúme dos apóstolos e que Jesus a beijava na boca

Maria Madalena – ou Miriam de Magdala, como está no hebraico – aparece nos apócrifos como uma mulher sábia e respeitada por Jesus. Ela acompanha o mestre em suas pregações e o ajuda a liderar os primeiros cristãos. O Evangelho de Filipe, do século 2, conta que ela era a seguidora preferida de Cristo, o que despertou o ciúme dos outros apóstolos. “Por que a amas mais que a todos nós?”, perguntavam eles ao Senhor. Uma passagem que ainda enfurece muitos cristãos diz que "o Senhor amava Maria mais do que a todos os discípulos e a beijava freqüentemente na boca". A liderança de Madalena também é mencionada no evangelho apócrifo que leva seu nome, também do século 2. Numa passagem, Pedro questiona: “Devemos mudar nossos hábitos e escutarmos todos essa mulher?” O texto revela que, apesar dos preconceitos, ela consegue se impor. É uma imagem distante da mulher impura e pecadora que a tradição da Igreja enfatizou durante séculos. Em 1969, o Vaticano reconheceu que houve uma confusão na interpretação das Escrituras (ela teria sido confundida com a pecadora que unge os pés de Jesus no Evangelho de Lucas) e retirou a denominação de prostituta que durante séculos pesou sobre Maria Madalena.
A redenção de Judas
Judas teria entregue Jesus a seu pedido

A história do discípulo que traiu seu mestre por 30 moedas de prata é uma das mais conhecidas do cristianismo. Segundo o Evangelho de Judas – um manuscrito copta (língua falada pelos antigos egípcios) escrito entre os séculos 3 e 4 – o apóstolo pode ter sido condenado injustamente pela história. No texto, descoberto nos anos 70, no Egito, o personagem mais odiado do cristianismo aparece como o discípulo mais próximo e querido de Jesus. Ele denuncia o mestre às autoridades romanas a pedido do próprio Messias, num plano que seria essencial em sua missão de salvar a humanidade. “Nesse contexto, a figura de Judas representa o ideal do discípulo que, recebida a iluminação, cumpre a vontade de Deus, mesmo que ela tenha a ver com a entrega de Jesus à morte”, diz o teólogo Luigi Schiavo. Na versão do Novo Testamento, Judas enforca-se, arrependido. No texto apócrifo é diferente. Ao compreender a importância de sua missão, Judas teria se retirado para meditar no deserto.
A infância de Cristo
Evangelhos mostram lado humano e divino

A literatura apócrifa conta várias histórias sobre a gravidez de Maria e os primeiros anos de vida de Jesus. É uma tentativa de preencher a lacuna da Bíblia, que faz uma única referência à infância do Messias, quando ele visita o Templo de Jerusalém, aos 12 anos. O Evangelho do Pseudo-Mateus, do século 3, conta que o menino fazia milagres ainda na barriga da mãe e que, desde criança, usava seus poderes para curar doentes e ressuscitar os mortos. Mas, quando irritado, ele se comportava como uma criança mimada e vingativa. Certo dia, um menino o derrubou no chão. Jesus então ordenou: “Caia morto!”, e o amigo morreu. Depois, arrependido, o fez ressuscitar. Um de seus passatempos preferidos seria criar seres de barro e lhes dar vida com um sopro. Essa faceta de Jesus pode assustar quem lê os apócrifos. Mas, para teólogo Jacir de Freitas, ela deve ser compreendida no contexto em que o livro foi escrito. “A intenção é mostrar que Jesus tem um lado humano e outro divino, o que é um reflexo de uma época em que a Igreja discutia qual era a natureza do filho de Deus.”
O quinto evangelho
Historiadores acreditam que Evangelho de Tomé seja inspiração de 3 dos canônicos

O Evangelho Segundo Tomé, do apóstolo que precisava “ver para crer”, é o mais polêmico do acervo de Nag Hammadi. O manuscrito contém 114 parábolas e frases atribuídas a Jesus. As citações são semelhantes às da Bíblia, mas refletem o pensamento gnóstico. Nele, Jesus aparece como um mestre mais místico, que orienta os discípulos a reconhecer sua identidade divina e a buscar Deus em qualquer lugar. Ele foi excluído, apesar de ter sido escrito por volta dos anos 60 e 70 do século 1, mesma época dos evangelhos que entraram para o cânone sob a justificativa de serem os relatos mais antigos do messias. Os pesquisadores chamam esse apócrifo de Quinto Evangelho e suspeitam que ele seja o famoso Fonte Q, escrito nunca achado que teria sido a base de 3 dos 4 evangelhos canônicos. Se isso for verdade, os textos bíblicos são adaptações desse apócrifo, dono dos verdadeiros ensinamentos de Cristo.

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