quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Diabo! Um funcionário de Deus?


De acordo com o pesquisador Henry Ansgar Kelly, o Satã da Bíblia é um ser moralmente correto, com a tarefa de perseguir e acusar pecadores. Mas sua biografia foi deturpada pelos patriarcas da Igreja Católica


Se a gente fosse fazer um retrato falado de Satanás, ele sairia mais ou menos como Hellboy, das histórias em quadrinhos de Mike Mignolla. Peço desculpas aos fãs, pois o personagem da HQ, no fundo, é um sujeito de bom coração - enquanto o Diabo (alguém duvida?) quer mais é atazanar o ser humano. Mas a comparação vem a calhar, pois é de maniqueísmo que estamos falando. A cultura ocidental se acostumou a pintar o Universo como uma guerra cósmica entre o bem e o mal. E o mal tem a cara do Diabo, um monstrengo escarlate de chifres e rabo, quase sempre com um tridente em punho.

Agora pasme: essa imagem simplesmente não existe na Bíblia. Pelo menos é isso que demonstra o pesquisador americano Henry Ansgar Kelly, professor emérito da Universidade da Califórnia, no livro Satã: Uma Biografia. Kelly garante que a história original do demônio - aquela que está registrada nos textos bíblicos - foi deturpada ao longo dos tempos. Na verdade, o Diabo não seria assim tão ruim quanto se pinta. E a "difamação" começou lá atrás, nos primeiros séculos do cristianismo, por obra de patriarcas da Igreja como são Jerônimo.

Para o pesquisador americano, a Bíblia revela que o demônio era uma espécie de "empregado de Deus" - uma entidade moralmente correta, encarregada de perseguir e acusar os pecadores. No século 2, porém, os pais da Igreja, ao interpretar o episódio bíblico de Adão e Eva no jardim do Éden, associaram-no à imagem da traiçoeira serpente. A partir daí, diz Kelly, ele foi sendo transformado em inimigo de Deus, até virar a representação máxima do mal.

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por Texto Álvaro Oppermann
site: http://super.abril.com.br/religiao/diabo-funcionario-deus-619204.shtml

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