quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Parabéns?!

Por Admarino Júnior

Santa Maria do Grão Pará, Santa Maria de Belém do Grão Pará e, finalmente, Belém do Pará foi fundada em 12 de Janeiro de 1616 no Forte do Castelo do Senhor Santo Cristo do Presépio de Belém, hoje, conhecido como Forte do Castelo. Passados 395 anos temos na comemoração de aniversário da cidade o bolo, festas, discursos e a lembrança de Belém da belle-époque, momento em que a cidade foi palco de diversos melhoramentos em sua infra-estrutura e internacionalização da cidade com o requinte de sua elite, que vivia “deslumbrada com o glamour de inspiração parisiense”

No entanto, todo esse deslumbramento deixa uma penumbra no ar, pois a mesma belle-époque da limpeza urbanística, também produziu a limpeza social. A mesma belle-époque de palacetes e casas com azulejos vindos da Europa, também produziu invasões, barracos e cortiços. A mesma belle-époque das pequenas elites, também produziu uma grande massa de trabalhadores pobres.

Com base nas idéias positivistas do século XIX, a tendência de exaltar os grandes acontecimentos, os grandes Políticos, os Heróis, as “personalidades históricas ditas importantes” persistem nesses 395 anos. E, como sempre, as crianças desvalidas da fortuna, os loucos, os idosos, as mulheres e toda a classe marginalizada ficam de fora.

Agora, passados 395 temos novamente o bolo, festas, discursos e a exaltação de grandes feitos. E as penumbras? Basta observar o caos em dia de chuva e as condições da população pobre que vive entre sonhos, protestos, trincheiras e poesias, marcas de quem vive em lutas na periferia.

É preciso olhar o presente para problematizar o passado, não apenas levantar grandes acontecimentos e grandes “personagens” como um momento belo e feliz de nossa história. Caso contrário, deixaremos sempre de lado as penumbras.


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4 comentários:

  1. Em tempo de festividade, dificilmente se pensa nas mazelas que uma sociedade vive, muito menos em formas de solucionar tais problemas. É por essa e outras que parabenizo a iniciativa do autor deste texto. Pois festejar a cidade, na cidade velha (onde há o mínimo de infra-estrutura, segurança etc), é vangloriar as memórias daqueles que fizeram nome na história de Belém. Mas e se a festa de 395 anos fosse na periferia?

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  2. Parabéns a Belém do Pará
    Beijinhos a vcs

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  3. Olá Fernanda, o que vc fala é verdade. como diz um rap: "Quem mora na quebrada sabe bem como é que é, pobreza pela frente, misérie pelos lados..." Talvez se nos esforçarmos para nos tronarmos Intelectuais Orgânico (nos moldes Gramsciano) teremos o inicio de um processo de resistência a essa política de "grandes nomes".

    quanta injustiça. né?

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  4. Olá Rute, Obrigado pelos parabéns.
    A nossa cidade tem seus problemas como qualquer outra, mas possui ambientes belos de ser visitado.

    abraços.

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