quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Rejeitados, jamais

O abandono de crianças na Colônia era visto como uma alternativa mais aceitável do que o aborto ou o infanticídio

A Bíblia conta a vida de Moisés, abandonado pelos pais e criado pela filha de um faraó; a cidade de Roma teria sido fundada por Rômulo e Remo, duas crianças desamparadas alimentadas pelo leite de uma loba e recolhidas por um casal de pastores. Essas biografias podem parecer lendas, mas estão ligadas a práticas que já foram bastante comuns. Muitas vezes acreditou-se que o abandono dos filhos pelos próprios pais fosse legítimo, assim como deixá-los à mercê de pessoas dispostas a criá-los. Fossem pobres ou ricos, brancos ou mestiços, filhos de mães solteiras ou de relações espúrias, muitos eram largados no mundo da mesma forma.


O acolhimento de crianças enjeitadas começou no Ocidente medieval, em estabelecimentos que utilizavam uma “roda” – uma espécie de portinhola giratória onde o bebê era deixado, para ficar sob os cuidados de uma instituição de caridade, sem que sua procedência pudesse ser identificada pelos internos –, ajudando a manter o anonimato da mãe e as chances de sobrevivência do bebê. Esse modelo de acolhimento de recém-nascidos ganhou inúmeros adeptos por toda a Europa, principalmente a católica, a partir do século XVI.

A roda também foi muito usada em Portugal, e com o surgimento das irmandades da Misericórdia a partir de 1498, uma rede de auxílio, que era controlada pelas Santas Casas e financiada pelas Câmaras municipais, se espalhou pelo território continental. Essencialmente laicas, essas irmandades eram dirigidas pelas principais famílias locais, que se uniam para tentar aliviar o sofrimento dos mais pobres. Elas acolhiam, batizavam, registravam e encaminhavam as crianças para as amas de leite contratadas. Também as vestiam, e as enterravam num campo santo, caso viessem a falecer.


Por
Renato Franco


2 comentários:

  1. É bem verdade, as histórias de abandonos sempre tocam profundamente o nosso coração.
    E sempre têm dois caminhos tais histórias:
    ou quem foi abandonado se torna imenso ou se definha às margens da sociedade,porque na realidade a vida pode ser cruel ou maravilhosa para os que foram abandonados ou para aqueles que puderam viver no seio do seu lar.
    Tudo é uma questão de evolução espiritual.
    Muito bom post.
    Abraço

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  2. O abandono de crianças é um tema tão antigo quanto as montanhas. Hoje devemos obsevar mais sobre isso. Até pq as formas se multiplicaram levando até a morte das criaças como o aborto, o infanticídio tabém correspondem formas de abandonar crinças.

    Abraços

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