Iniciativa do Centro de Memória da Amazônia democratiza o acesso às fontes documentais inquisitoriais
As novas gerações de historiadores têm reconhecido a importância da internet como uma ferramenta de pesquisa revolucionária. Uma iniciativa liderada pelo Centro de Memória da Amazônia, da Universidade Federal do Pará, revela como é possível explorar de forma inteligente os acervos documentais on-line.
Atualmente, mais do que se preocupar em acrescentar conteúdo, o desafio levantado pela internet consiste em organizar as fontes documentais já disponíveis. A partir dessa perspectiva, uma equipe de pesquisa do Pará, liderada pelo Prof. Antonio Otaviano Vieira Junior, concebeu um projeto exemplar.
Trata-se da disponibilização on-line dos processos inquisitoriais dos séculos XVII e XVIII, referentes ao Maranhão e Grão-Pará. Há alguns anos, tal iniciativa seria dificultada em razão dos elevados custos nela envolvidos e pela necessidade de complexas negociações junto à instituição que tem a custódia da documentação.
No projeto em questão, esses problemas foram superados em razão da própria Torre do Tombo começar a facultar o acesso, em seu portal, aos processos inquisitoriais lusobrasileiros. Nesse site, porém, a ausência de instrumentos de pesquisas – como, por exemplo, inventários analíticos - dificulta que o usuário descubra a potencialidade da documentação em questão.
A equipe do Pará superou essa dificuldade, fornecendo informações detalhadas a respeito de cada um dos processos inquisitoriais referentes à região amazônica. A parceria com a Torre do Tombo permitiu não só uma melhor identificação dos acusados, como também, através de link, a disponibilização dos processos na íntegra.
Ao todo foram identificados 114 processos inquisitoriais, sendo que mais da metade está disponível à leitura. Esse é o caso, por exemplo, da denúncia contra o índio Alexandre, residente na Aldeia de Aricara, nas margens do Rio Amazonas, que, em 1756, foi acusado de bigamia.
O site do Centro de Memória da Amazônia também dá acesso à bibliografia especializada e ao texto original do projeto, submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará. Tomara que grupos de pesquisa de outros estados reproduzam essa iniciativa, democratizando ainda mais o acesso a uma das principais fontes documentais para se conhecer a sociedade brasileira colonial.
Por Renato Venâncio (Profº da universidade Federal de Minas Gerais)
Fonte: http://www.revistadehistoria.com.br/v2/home/
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