quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

O colyseu: a arena de touros e toureiros do além-mar – Belém-Pará (1894-1900)

No texto “O colyseu: a arena de touros e toureiros do além-mar – Belém-Pará (1894-1900)” da aurora Maria de Nazaré Sarges, expõe-se as transformações urbanas decorrente da produção da borracha na virada do século XIX para o XX. Onde cenário citadino de Belém, passa por um processo de ajustamento mediante as políticas públicas de modernização e a busca pela concretização do projeto de civilização nos moldes europeus.

Desse modo, nesse cenário de metamorfoses, Maria de Nazaré Sarges aponta para as ressignificações na esfera do mundo do trabalho. Pois, além dos trabalhadores urbanos “especializados” como os tipógrafos, artistas, carpinteiros, sapateiros, alfaiates, e os “não-especializados” como os vendedores de rua, carroceiros e carregadores, configuraram simultaneamente, “ a nova ordem ditada pela ideologia do progresso.”

Nesse mesmo enfoque, a autora ainda faz alusão para a intensa política de imigração promovida pelo estado. Que se por um lado, havia o discurso de suprir a mão-de-obra e ocupar terras em abundância. Por outro, existia a tentativa de inserção do estrangeiro europeu, que eram símbolos de um modelo civilizador e que, por conseguinte, esteve vinculada a economia da borracha.

Esse processo imigratório trouxe forte influência da cultura estrangeira para a sociedade paraense da época, Esta assertiva, é corroborada pela autora no que concerne o papel do Colyseu Paraense. Práticas de touradas criadas em outubro de 1894 tendo como fundadores indivíduos conhecidos no meio comercial, que buscavam instituir “estratégias de sobrevivênvia, dando expressão a outras práticas, a outras formas de lazer, como as touradas...” repercutindo na esfera social paraense, gerando profundas discussões na imprensa.

Então, as transformações urbanas decorrente do projeto modernizador do estado culminaram num aparecimento de novos grupos étnicos – Portugueses, Espanhóis, Italianos, entre outros – gerando, por conseguinte, novas ocupações profissionais, que dentre outras, a de touteiros estava em foco. Possibilitando assim, uma reconfiguração do espaço social e cultural na esfera urbana belenense. Pois, a imigração era um fator imprescindível para as novas práticas.

Portanto, mesmo com a proposta de uma nova configuração para a cidade de Belém – projeto de civilização e modernização como reflexo da produção da borracha – os atores sociais considerados incompatíveis com esse projeto, continuam existindo e, por conseguinte, mantendo relações sociais de acordo com seus ofícios.

Desse modo, Maria de Nazaré Sarges ressalta uma nova forma de adequação do espaço urbano, destacando os estabelecimentos sociais. Pois, “no novo tecido urbano que se redesenha uma nova maneira de apropriação desse espaço urbano pelos trabalhadores deixa entrever a construção de uma nova sociabilidade e as dissonâncias que se estabelecem como mecanismos de sobrevivência desses grupos.”


*Resenhado por Admarino Júnior, Romyel Cecim e Leandro Fonseca

Nenhum comentário:

Postar um comentário